quarta-feira, 29 de janeiro de 2014
quinta-feira, 23 de janeiro de 2014
Manifesto
Eu não reclamo de morar longe
Eu não reclamo de ter que pegar ônibus
Eu não reclamo de ter que comer lixo
Eu reclamo da falta de cumplicidade
Eu reclamo das aparências que são mantidas
A corrupção não me incomoda
A rotina não me incomoda
Ganhar pouco dinheiro não me incomoda
A procura por conveniência me incomoda
Me incomoda a falta de essência
Eu não reclamo de ter que pegar ônibus
Eu não reclamo de ter que comer lixo
Eu reclamo da falta de cumplicidade
Eu reclamo das aparências que são mantidas
A corrupção não me incomoda
A rotina não me incomoda
Ganhar pouco dinheiro não me incomoda
A procura por conveniência me incomoda
Me incomoda a falta de essência
quinta-feira, 9 de janeiro de 2014
Sentido
João gostava de aparentar ser um rapaz normal. O que ninguém sabia é que ele era assombrado por visões de tragédias: acidente de carro, assalto à mão armada, parada cardíaca e até um piano caindo do céu, tudo isso aterrorizava João.
João trabalhava em um escritório. "Não é o emprego dos sonhos, mas é garantido", ele dizia. Não tinha mais chance de seguir o que queria, ele afirmava com convicção. João não tinha consciência dos planos desperdiçados e achava que sonhar era perder tempo. João frequentava lugares que não gostava, "é aqui que a moçada vem", dizia acompanhado por um sorriso amarelo. Ele nunca ia embora com a sensação de ter se divertido, mas achava isso normal.
João vivia preso à rotina. Aguardava ansiosamente os fins de expediente e de semana, para poder ser livre, porém enlouqueceria se não tivesse um lugar para bater o ponto logo pela manhã.
Sexta-feira, fim de expediente, João é tomado pela euforia da liberdade. Tão extasiado que decide deixar o prédio onde trabalha pelas escadas. Um pequeno deslize, um simples escorregão e João bate a cabeça e sua história acaba.
João se foi sem entender que a verdadeira tragédia havia acabado.
João trabalhava em um escritório. "Não é o emprego dos sonhos, mas é garantido", ele dizia. Não tinha mais chance de seguir o que queria, ele afirmava com convicção. João não tinha consciência dos planos desperdiçados e achava que sonhar era perder tempo. João frequentava lugares que não gostava, "é aqui que a moçada vem", dizia acompanhado por um sorriso amarelo. Ele nunca ia embora com a sensação de ter se divertido, mas achava isso normal.
João vivia preso à rotina. Aguardava ansiosamente os fins de expediente e de semana, para poder ser livre, porém enlouqueceria se não tivesse um lugar para bater o ponto logo pela manhã.
Sexta-feira, fim de expediente, João é tomado pela euforia da liberdade. Tão extasiado que decide deixar o prédio onde trabalha pelas escadas. Um pequeno deslize, um simples escorregão e João bate a cabeça e sua história acaba.
João se foi sem entender que a verdadeira tragédia havia acabado.
quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
Chuva
Por que fugimos da chuva?
Ela não é feita só de coisas boas, mas nada na vida. Ela vem para refrescar, o calor da temperatura e o calor da inquietude.
Hoje eu fugi da chuva. E, indo para casa, a observei. A tranquilidade das gotas finas caindo desordenadamente contrastando com o barulho caótico dos trovões. Água caindo.
No fundo eu só queria chover.
Ela não é feita só de coisas boas, mas nada na vida. Ela vem para refrescar, o calor da temperatura e o calor da inquietude.
Hoje eu fugi da chuva. E, indo para casa, a observei. A tranquilidade das gotas finas caindo desordenadamente contrastando com o barulho caótico dos trovões. Água caindo.
No fundo eu só queria chover.
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
Fogos
A estrada nunca acaba
E eu a observo o quanto posso
Pois ela nem imagina
Que acompanha minha angústia
O carro às vezes é quente demais
Mas sou grato pelo conforto
Pois ele nem imagina
Que carrega minha angústia
Os fogos de artifício explodem
E eu me pergunto
por que eu também não posso
Enviar um pedaço meu para cada canto
E nunca mais precisar estar em um lugar
Enquanto a cabeça está em outro
E eu a observo o quanto posso
Pois ela nem imagina
Que acompanha minha angústia
O carro às vezes é quente demais
Mas sou grato pelo conforto
Pois ele nem imagina
Que carrega minha angústia
Os fogos de artifício explodem
E eu me pergunto
por que eu também não posso
Enviar um pedaço meu para cada canto
E nunca mais precisar estar em um lugar
Enquanto a cabeça está em outro
sábado, 14 de dezembro de 2013
18
Eles falam
Eu os ouço, sem querer
É o que sobra no fim do dia
A música para
Eu paro
Eles falam
Talvez exista gente que busque o barulho alheio
Quando apenas o celular é companhia
Quando a única voz rotineira
Vem dos fones de ouvido
Talvez não seja o único
Acompanhado na solidão
O copo cheio conforta
Ocupa
Acalma
O tempo entre o último gole até a chegada do próximo copo é o inferno
O último gole sempre vem
Porém as vozes alheias não incomodam
Percebo a alegria dos outros de longe
Ela me torna mais estranho
Mas me agrada
Sempre sou agradado pela alegria
De longe
Eu os ouço, sem querer
É o que sobra no fim do dia
A música para
Eu paro
Eles falam
Talvez exista gente que busque o barulho alheio
Quando apenas o celular é companhia
Quando a única voz rotineira
Vem dos fones de ouvido
Talvez não seja o único
Acompanhado na solidão
O copo cheio conforta
Ocupa
Acalma
O tempo entre o último gole até a chegada do próximo copo é o inferno
O último gole sempre vem
Porém as vozes alheias não incomodam
Percebo a alegria dos outros de longe
Ela me torna mais estranho
Mas me agrada
Sempre sou agradado pela alegria
De longe
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Please remember
O meu maior problema é a madrugada, algoz de todos os planos
para o dia seguinte. Ela sempre
proporciona pouco tempo para descansar e muito tempo para pensar.
Outra madrugada quente que ouço música no escuro de olhos
abertos e encontro o sentimento escondido nos extremos. Penso em como as despedidas têm se
tornado frequentes, mesmo sem terem sido anunciadas, e eu continuo aqui. Como as percepções mudam, como nossa capacidade
de substituição é incrível, como aos olhos alheios eu amargo.
Eu observo. Observo
como as árvores são verdes, como o céu é
azul e as nuvens brancas, mas na minha lembrança é tudo cinza. Observo a
rotina, a corrida desesperada por aprovação, a necessidade de uma boa imagem. Como ansiamos por mudanças sem mover um
dedo. Na minha lembrança somos todos cinza.
Me questiono se ainda há tempo. Os anos passaram tão
depressa e talvez eu realmente tenha amargado, insatisfeito com a terra firme,
porém sem nunca ter tentado me arriscado em alto mar. Eu sigo desejando turbilhões e
tempestades, que nunca saíram da minha cabeça.
A madrugada é meu maior problema. Ela parece ser eterna e no
fim me obriga a ser banhado pelo sol.
Talvez não haja mais tempo, mas está tudo certo, eu continuo aqui.
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